Foto de Renato Peixoto
Texto inédito no Brasil do escocês Davey Anderson DADESORDEMQUENÃOANDASÓ estreia dia 27 de janeiro no Viga Espaço Cênico
DADESORDEMQUENÃOANDASÓ tem direção de Carlos Baldim e propõe o encontro entre a Companhia ARTERA de Teatro e a Cia. Provisório-Definitivo para a idealização, realização e produção do espetáculo. A peça foi contemplada pelo edital do Prêmio Zé Renato.
No palco, o elenco composto por Andrea Tedesco, Anna Cecilia Junqueira, Paula Arruda, Pedro Guilherme e Ricardo Corrêa dão vida aos narradores e personagens da história de Stevie, um garoto portador da síndrome de Asperger, que sofre com a ausência do seu pai e com a dificuldade de se relacionar com o mundo por conta dessa síndrome.
Davey Anderson oferece uma dramaturgia contemporânea, que instigou uma encenação que a acompanhasse nessa experimentação de linguagem, propondo a mistura de elementos épicos e dramáticos, e utilizando o espaço cênico com uma mescla de teatro e cinema.
A temática é, sobretudo, universal. A partir do mundo particular desse garoto, o espectador pode enxergar o seu próprio mundo. Superar traumas e medos, separações e ausências e a morte. Tudo isso com a inerente individualidade que cada um carrega em si. “A síndrome de Asperger é assim uma grande peculiaridade da personagem para mostrar o que a sociedade tem dificuldade de admitir: diferença e a diversidade fazem parte do humano. Por portar uma doença, por pensar ou sentir desta ou daquela maneira, pelas escolhas que são feitas, e, apesar das semelhanças, não existe um ser humano igual ao outro. Exaltar a beleza e importância disso é um dos motores desse projeto tanto para a Companhia ARTERA de Teatro, quanto para a Cia. Provisório-Definitivo.”, comenta a atriz Paula Arruda
É traço marcante dos dois grupos essa temática: peças infantis, jovens e adultas essas companhias investem em histórias que salientam a importância da individualidade em todas as questões que nos desafiam na relação com o outro e com o mundo: relacionamento, escolhas, sexualidade, sonhos, perdas, moral e ética, tolerância, intolerância e comportamento.
A união desses dois grupos vem também corroborar para outro traço marcante do texto: a co-dependência. “DADESORDEMQUENÃOANDASÓ nos mostra que somos seres individuais interligados um ao outro não por uma pretensão altruísta de solidariedade, mas porque assim funciona a natureza, inclusive a natureza humana quer se queira isso ou não. Assim, admitir a importância da individualidade, nos abre as portas para admitirmos o que muitos consideram paradoxalmente oposto: a importância da convivência.”, acrescenta o diretor Carlos Baldim.
Os desafios propostos para Stevie são no fundo também os desafios de todas as personagens. As desordens que acontecem pela ausência do pai, pela falta de dinheiro da mãe, pelo despertar da sexualidade de Julie e pelas dificuldades de comunicação de Stevie oriundas da Síndrome, não são só de um, mas de todos os envolvidos. “Como se um ato imprevisto desencadeasse uma série de desordenamentos, desconcertos, como na vida uma ação resulta em reação, uma rede de utopias e mazelas humanas que nunca estão sozinhas. Ruas entupidas de pessoas ensimesmadas em seus fones de ouvidos, anunciando a trilha sonora daquilo que se pode escutar, apenas pressentir. As dificuldades de expressar o que sente não diz respeito apenas da Síndrome, mas diz a todos nós. Acredito que a peça seja uma saga a respeito das diferenças e um apelo a alteridade.” comenta Ricardo Corrêa da Cia ARTERA de Teatro.
SINOPSE – DADESORDEMQUENÃOANDASÓ conta a história de uma família de classe média. Por causa da ausência do marido, Maureen trabalha em diversos lugares e não tem tempo para cuidar dos filhos. Stevie, portador da síndrome de aspenger, é deixado sozinho no seu quarto ao seu próprio cuidado, enquanto sua irmã, a adolescente Julie, faz tentativas desastradas de entrar no mundo adulto. Julie resolve sair escondida descumprindo o combinado com sua mãe. Preocupado com o paradeiro da irmã, Stevie resolve procurá-la e acaba indo parar no Parque de Diversões e sem intenção acaba causando um grande acidente: ele acredita ter se tornado um assassino. A partir daí, inicia-se uma história permeada de encontros e desencontros que mistura ficção, realidade e poesia, na qual Stevie procura compreender, solitário, as consequências dessa intensa e inesquecível aventura.
Sobre Cia Provisório – Definitivo
Criada em 2001 por formandos em Artes Cênicas na ECA-USP, Paula Arruda e Pedro Guilherme, em seguida o ator e diretor Carlos Baldim completou a Cia. Provisório-Definitivo que comemora 15 anos de atividade. Cia. premiada, o espetáculo Gangue foi o grande vencedor do Prêmio FEMSA em 2013, sendo premiado em três categorias (Melhor Espetáculo Jovem 2012, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Atriz Coadjuvante), Pelos Ares venceu o Prêmio de Melhor Peça Infantil no Cultura Inglesa Festival (2010); e Família Dragão foi indicada ao Prêmio FEMSA 2009 de Melhor Ator Coadjuvante. Já Todo Bicho Tudo Pode Sendo o Bicho Que Se É ganhou o Prêmio Funarte Petrobrás para Montagem de Textos Inéditos e indicação ao Prêmio FEMSA 2007 de Melhor Autor – Pedro Guilherme. Seu último espetáculo, As Estrelas Cadentes do Meu Céu São Feitas de Bombas do Inimigo recebeu duas indicações para o Prêmio Shell 2013 (Melhor Direção e Melhor Iluminação).
Esta é a primeira vez que um integrante do grupo Provisório -Definitivo dirige uma peça do coletivo. O grupo sempre trabalha com um diretor convidado a cada trabalho. Desta vez optaram por buscar uma experiência mais autoral na encenação do seu trabalho artístico. colocando Carlos, Baldim, um dos integrantes da Cia. para dirigir a peça.
Sobre Companhia ARTERA de Teatro
Criada em 2001 com intuito de abarcar diversas dimensões da cena contemporânea, tem por meta a encenação de textos com dramaturgias inéditas, direcionando a pesquisa para temas relacionados às minorias, permitindo-se o intercâmbio com outras artes, manifestações e tecnologias. A Cia destacou-se na cena teatral com as peças Coração Dark Room, premiada atualmente no Festival Papo Mix, entre outros prêmios. Não conte a ninguém ganhou como 3° melhor espetáculo LGBT, participou dos principais Festivais sobre Diversidade como Mix Brasil, Boys and Girls, etc. Sua montagem mais recente foi A SOCIAL, peça jovem que ficou em cartaz no Espaço dos Parlapatões. Over (2005) peça vencedora do Festival Nacional Curta Teatro – SESI (Melhor espetáculo, iluminação e melhor ator); Internos (2004) que recebeu diversos prêmios em diversos festivais de teatro.
A Companhia ARTERA ao se deparar com a obra Clutter Keeps Company de Davey Anderson traduziu a peça inédita no Brasil e convidou a Cia. Provisório- Definitivo para a realização do projeto DADESORDEMQUENÃOANDASÓ.
Serviço:
Viga Espaço Cênico: Rua Capote Valente, 1323, Pinheiros.
Temporada 1: de 27 de janeiro a 11 de fevereiro – quartas e quintas às 21h.
Temporada 2: de 20 de fevereiro a 28 de março – sábados às 21h, domingos às 19h e segundas às 21h.
Duração: 80 minutos
Valor dos ingressos: R$ 20,00
Ficha Técnica:
Texto: Davey Anderson.
Tradução: Caio Badner
Direção: Carlos Baldim
Elenco: Andrea Tedesco, Anna Cecilia Junqueira, Paula Arruda, Pedro Guilherme, Ricardo Corrêa
Vídeo design: Zeca Rodrigues
Figurino: Maitê Chasseraux
Iluminação: Fran Barros
Música original: Dan Maia
Cenário: Cesar Resende de Santana (Basquiat) e Carlos Baldim
Assistência de direção: Mariana Leme
Assistência de vídeo: Nanda Cipola
Fotos: Renato Peixoto
Programação visual: Ana Leo
Produção: Paula Arruda e Pedro Guilherme
Realização: Cia. Artera e Cia. Provisório Definitivo